sábado, 24 de novembro de 2012

Acaso (Kássio Rodrigues)


   
       Em qual parte da história da sua vida você está vivendo hoje? Começo, meio ou fim? 
      O começo veio do acaso, ou pelo menos é assim que os homens chamam o nascimento... O meio, das circunstâncias; sobre qual alicerce foi criado sua personalidade? Ou ela ainda está sendo formada... O fim... na verdade é só esse que conta. Mesmo isso sendo um clichê, essa é a única parte da vida, onde as noites têm um tom de "porquês", e às manhãs, vêm pelas horas, tons de respostas. Ainda há tempo de fazer acontecer! Tudo é passageiro, e a luta por continuar vivendo traz em si ofegantes descobertas, destilantes encobertas. 
    Diz-se as más línguas, que vez ou outra, nos perdemos em nós; o espelho nos assusta, por não trazer boa nitidez à nossa personalidade, mas acalme-se! Basta cada dia o seu mal, e se hoje dores se acrescem, amanhã o sol brilhará mas não queimará.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Texto de Kássio Rodrigues


Depois dos olhos, vêm a esperança. Uns creem em estátuas, outros em sapatos; mas todos ainda estão longe. Quando à alva avista-se de longe a beleza crua do surreal, não entendem bem aonde chegar; por que chegar. Mas parar ou encolher, ou até mesmo morrer, é tão insignificante quanto nossa existência no universo febril. Rosas brancas são as minhas preferidas, não se submetem ao que lhe propuseram, porque ainda tenho dedos de carne, que se machucam com os espinhos, pés; feios, mas são pés, que me fazem sentir a frieza da terra.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

PEGADAS (Kássio Rodrigues)



Um vento minuano acariciava seu rosto, e lhe tampavam as vistas à medida que andava, por causa de seus cabelos encaracolados. Primeiro, quis sentir nos pés o gelado da água marítima, que dançava em ritmos beethovenianos; para lá e par cá. Seduzindo sua língua a provar o gosto dela; assim o fez, mas se arrependeu, pois o gosto não combinava com sua bela cor. Ao Longe, era possível ouvir o ''Tsiiii'' do sol se esfriando na água. Uma ousada onomatopeia do destino, que lhe causavam vastas imaginações às tardes no por-do-sol. Ainda andando em linha horizontal, o silêncio era mantido pela própria natureza, porque mesmo sendo uma sinfonia de várias faunas e floras, elas de tangiam formando uma espécie de ''música para os meus ouvidos''. Apartando dois metros andando ''em forma de caranguejo'', seus pés se deliciavam com ''cosquinhas'' delicadas da areia ainda quente. Enquanto o quente sol se escondia no mar, a fria lua tomava frente; parecia manchada ou furada, mas sua frieza traz calor, assim como o sol, que no seu calor, traz frieza ao coração dos homens cegos. Ao longe, lá estava seu coração; em formato e singeleza de alma, cantando e assinalando paixões no ar. Encontrar-se assim, é como um sonho. Acordar assim, não vale a pena.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

SOZINHO (Salomão Moura)





No amplexo da escuridão,
minha mente, moldada como foi pela experiência humana, tenta compreender o conceito
fundamentador de minha solidão.
Meus olhos, supurados em trevas que até mesmo os mais ousados
deuses abominam contemplar, lançam corpo adentro, buscando um processo de luz
para ceder a noite que me habita, e enquanto me
arrasto para fora de mim mesmo, amedrontado diante da estranha e nova
luminosidade, consigo ouvir acima de minha cabeça, ecoando nos topos rugosos
das montanhas...
Uma gargalhada!
Uma gélida e negra gargalhada de um ser
completamente imerso no universo das ironias.
Minha recente manifestação de luz extraiu de alguém versado
nas artes da frieza aquele riso devastador. Mas não interviu.
Longe de mim, a vontade de conhecer a proveniência daquele incomodo sarcástico. Apenas irei empregar meu recém-manifesto "poder da alma" para encontrar no
próximo, aquilo que não encontrei dentro de mim, mesmo tendo conhecimento de que algo ruim estará a espreita.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Museu de carne - Kássio Rodrigues

Somos 90% de nostalgias, e 10% de frustrações.
Um mundo coletivamente criado, pequenos retalhos, todos pintados, de acordo com a condição de cada um, e cada um reclamando dos feitos do outro, quando não pôde fazer melhor em seu retalho.
Meu ''eu'' me repreende quando sou ''outro'', meu ''outro'' me assassina quando sou ''eu''
Cada um mora onde a vida lhe causou, o lugar onde dorme diz muito de quem você é. A voz altiva na hora das discussões, e o olhar calmo na hora da paixão, cantam uma pedra sobre você; viver do passado é como se tornar um museu, mas sem ter lucro nenhum.

sábado, 3 de novembro de 2012

Encontro - Kássio Rodrigues

Vendo-a assim, valo-me dos meus orgulhos, vendo barato meus ouvidos às músicas nostálgicas, fantasio meu cérebro de emoções não vividas, até que me recalco de realidades; eis então a questão: Voltar atrás é preciso, ou apenas mais um dos meus zelos?


 Por um amor incondicional, retraí minhas forças a zero, subtraí meus pesadelos a nenhum. Às escondidas, marquei contigo um encontro, vesti minha melhor roupa, andei por pregos talhos, para ao entardecer, no calar da velha estação, nos trilhos, lhe encontrasse; vendida à amargura, e lhe comprasse, não com flores amarelas colhidas no caminho, mas com meu calor.