sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Expoente, o vento - Salomão Moura



       Se houvesse composições em meus sentimentos, tais se ilustrariam pelo farfalhar de um vento invisível que se choca contra as montanhas de pedras
Capaz de dilacerá-los pouco a pouco. A cada sopro fino, esfarelando lentamente; ironicamente transformando grandes rochas em pequenos grãos de areia que se misturam à sua forma
Transformando-se em um vento mais potente.
Se houvesse algum som em meus sentimentos, seria como um ruído estridente de um pequeno redemoinho que sai da montanha para brincar nos campos duma aldeia
Carregando consigo a poeira, folhas secas e outros componentes de chão sujo; querendo ser mais do que ouvido.

          Se houvesse composições em meus sentimentos, tais seriam com a roda seca dum redemoinho
Que se une a outros mais belos; aos animais mais fortes e os tempos mais misteriosos, sem entender a dor que causa a quem está em seu interior
Mas que, pouco a pouco, sente a culpa pesada dentro de si.

         Se houvesse algum som em meus sentimentos, seria como um grito assustador de um furação que sente culpado por seu fracasso;
Por não poder ser o que era, pois se tornara amargo, a ponto de se unir a ventos fracassados que não podem tocar o céu sem estar firmemente pregados ao chão sujo,
Por destruir toda a vida à sua volta, pelo egoísmo de querer ser grande.

        Se houvesse composições em meus sentimentos, tais se ilustrariam como um furação, que depois de horas vai expelindo aos poucos as cinzas do que restou da sua destruição;
Abandonando tudo que despedaçou; entendo que nada daquilo deveria fazer parte do seu interior, nem mesmo os ventos, dos quais se uniu.
Aos poucos vai jogando casas destroçadas, árvores destruídas, animais mortos e tudo arrastou consigo, pelo mero prazer de arranhar o céu.

        Se houvesse algum som em meus sentimentos, seria como o som de uma brisa fina, que se desloca de um furação reconhecendo sua simplicidade; tristemente arrependido, depressivamente saudoso, que decide voltar às montanhas que lhe acolheram, evitando machucar as rochas, antes feridas e amedrontadas, temendo ser machucadas novamente pelo seu sopro irônico;
Seria com se o som de uma brisa fina que decide deixar as montanhas pra sempre alegrar os moinhos de uma fazenda

       Se pudesse comparar meus sentimentos, os compararia à brisa que diverte os moinhos de uma fazenda, e, que balança as folhas de uma árvore, dando vida e movimentos, que diverte pássaros
E as pipas que voam ao seu favor.
Que brinca com as folhas secas caídas, dando-lhes sensações de vida própria, que brinca com a flor, levando longe seu perfume, que passa pelas águas cristalinas e lhes dá o som perfeito
Que passa pela grama e lhes faz cócegas, que une a todo ser que respira, permitindo-lhes a pureza do ar fresco, que abraça todas as pessoas tristes ao seu redor, com leveza, secando lágrimas e proporcionando um arrepio gostoso; arrancando deles um sorriso de esperança.

Uma brisa que, com o tempo, ganha o céu de presente e se torna o vento mais puro e o mais forte de todos; capaz de dançar com as nuvens e mudar suas formas; capaz de descer ao mar e sacudir suas águas mais pesadas e, ajudar marinheiros a chegar em suas casas sem perigo. Um vento puro que apesar de invisível, deixa saudades no coração de quem o sentiu.

Por Salomão Moura

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Lisura - Kássio Rodrigues


Quando estivermos prontos, será como um despertar voluntário de domingo de manhã.

Quando a sorte obedecer o coração, será como uma brisa minuano, acariciando o rosto e libertando os cabelos.

Será forte a minha alegria, e torpe a minha sensatez, porque não o saberei.

Mas, não o quero saber. Quero você. E, para mim, é um objetivo de vida.

Resta-me te amar. E, como o próprio verbo em questão diz, independe se me amas também.

Como reza a lisura da alma, tem-se que, é melhor amar assim a não valorizar-te quando te tenho.


Se ainda te tenho, deixe-me ao menos, sonhar com o nosso amor.

Kássio Rodrigues