sexta-feira, 26 de outubro de 2012

O HOMEM MAIS INVEJOSO DO MUNDO - Kássio Rodrigues

O HOMEM MAIS INVEJOSO DO MUNDO:
(Kássio Rodrigues)




Avistei ao longe um pássaro; coroado por belas plumas banhadas pelas cores do arco-íris. Nessa vista, ele acariciava seu próprio corpo como um acréscimo dizendo não à censura da vida, e pranteando, levantava seu bico ao alto, repetindo uma canção triste insistentemente. Fissurado pela supremacia daquele animal, num piscar de olhos, fui surpreendido pelo seu voo. Quis então ser igual a Ele.
No outro dia, ainda chamado àquele fato oriundo de algo pré-ciente de perfeição, saí às florestas, e me deparei com um tatu: com seu focinho sujo de terra, se assustou com a minha presença, talvez porque estivesse vulnerável, ao contrário do pássaro, que ao alto, se exibia, sabendo que não o alcançaria a tempo caso resolvesse subir na mangueira. Mas, não queria isso, pelo contrário, me dava por satisfeito só por vê-lo ali, em seu habitat natural. A paisagem não durou muito, já que enquanto era tomado por pensamentos, foi a deixa para que ao piscar dos meus olhos, novamente outro animal se escondesse, nesse compasso, também me assustei; ouvi uma voz que gritava: - Onde está você, não vá longe!
Tinha três anos no fato, mas já sabia da existência de um Deus, a natureza me dizia isso!

Outras boas vistas se sucederam aos outros dias, e pude entender a magnitude de tantos adjetivos que eram exibidos por tantos animais diferentes, mas porque sempre têm de se esconder?
Tornando-me homem feito, hoje os entendendo! Sim, hoje entendo o porquê de estas graciosas criaturas esconderem suas exuberâncias: Por causa do meu genérico de homem. Esse ser, dominante sobre a terra, a muito vem se deturpando pelo campo, conceituando habitats naturais como se fossem dele. Por quê? Por inveja! Olhe ao seu redor: carros já correm mais que Leopardos, aviões, apesar de tão pesado, voam mais que gaviões, escavam buracos com a mesma facilidade de trocam de parceiros. Criam edifícios altos, alterando as paisagens de vastas faunas e floras, por puro egoísmo, apontam armas às cabeças de leões, como símbolo de rendimento: - Sou o novo Rei da Selva. Seria possível apenas plagiar suas habilidades sem ter que destruí-los? Devo lembrá-los que a voz de Deus foi para ''Dominar'' que tem um sentido quilometricamente diferente de ''Destruir''.

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