quarta-feira, 31 de outubro de 2012


(Salomão moura)

 

No começo me assustei; pois de costas ele era apenas um vulto que tomava forma.

E eu sabia quem era, pois eu mesmo o me desafiara.

Só não esperava que sua ira fosse tão grande, ao passo que pouco a pouco, sua fumaça cinza se transformasse em algo palpável, sólido e firme.

Lá estava ele; não pude evitar olhar em seus olhos, que por ironia de sua imaginação, eram meus olhos, com uma diferença no vermelho, que resplandecia em ódio e fúria.

Não tive medo, embora pudesse sentir o arfar demoníaco daquele ser que transformava em mim para me confrontar.

Ele me queria como desejara aquele momento, ansiava minha completa destruição,

Nunca pôde me tocar nunca pôde me atacar, só podia me olhar e esperava que eu tropeçasse em minhas idiotices, mesmo assim não conseguia nada, mas naquele momento, percebi que ele poderia me atacar, e estava pronto para vir – O que fiz? Por que ele está aqui?

Não importa, ele estava lá, e ansioso para me confrontar, com paciência, apenas largou o prato e a bucha que ela usava para lavar as vasilhas, limpei o sabão das mãos, dei um sorriso e tive o confronto que tanto desejara, em todo esse tempo de minha miserável vida.

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